Tratado de Limites

8. Bienal do Mercosul, Porto Alegre / 2011

8ª Bienal do Mercosul, mostra Além Fronteiras curada por Aracy A. Amaral, MARGS (Porto Alegre) 2011.

O projeto Tratado de Limites teve início com uma viagem pela região dos pampas realizada em fevereiro de 2011. Esta viagem abrangeu a região sul do estado do Rio Grande do Sul e o norte do Uruguai. Percorrer esta região levou-me a pensar sobre as delimitações geográficas e políticas entre estados e países.

Os pampas criam uma delimitação geográfica própria, determinada por seu bioma específico, fazendo as definições fronteiriças parecerem sem sentido. A continuidade dos campos e paisagem dos pampas remete à uma diluição de fronteiras, a uma percepção de que as fronteiras nem sempre são perceptíveis nem pertinentes, sendo a região antes identificada através de características próprias e não necessariamente através de delimitações políticas de fronteiras.

Os textos “Tratado de Limites entre o Brasil e a República Oriental do Uruguay” e “Extremo Sul do Brasil (Limites do RS)” deram origem e nome ao projeto. Esses textos relatam o processo de delimitação fronteiriça na região sul do Brasil e Uruguai, entre disputas políticas e especificidades geográficas.

Lugar: Tacuarembó

Tacuarembó, no Uruguai, é geograficamente a região central dos pampas. Nas últimas décadas, Tacuarembó foi autodenominada como a capital dos pampas. Para os gaúchos uruguaios, argentinos e do sul do Rio Grande do Sul, esta cidade é uma referência cultural, sendo uma cidade de convergência de eventos nos pampas: uma capital que aproxima três países distintos, constituindo uma identidade cultural compartilhada.

Na região de Tacuarembó, há diversos sítios arqueológicos indígenas que já foram mapeados e entretanto são mantidos sob a terra por questões de segurança e preservação.

Os letreiros situados nas entradas de muitas cidades no interior do Brasil são uma referência do trabalho Lugar: Tacuarembó. As letras são produzidas em concreto e normalmente fixadas na entrada das cidades com o nome da localidade.

As letras de concreto que escrevem “Tacuarembó” foram parcialmente enterradas na entrada da cidade (1/3 do letreiro está acima da terra). Além da instalação, a fotografia “Lugar:Tacuarembó” registra o trabalho a céu aberto.

Lugar: Tacuarembó (instalação e fotografia), 2011.

Geografia (Paisagem com Ondas)

Marina Camargo, Geografia (Tratado de Limites), 2011.

“Paisagem com ondas” é o trabalho sonoro realizado a partir da proposta de criar uma paisagem sonora a partir de gráficos que desenham ondulações nos ângulos de 30º a 40 (a região dos pampas encontra-se entre as latitudes de 30º e 40º).

“Paisagem com ondas” é feito a partir de simulações de som de vento misturado com timbres de gaita e violão (da música “Negro da gaita”, de César Passarinho) e de manipulações sonoras, realizado pelo músico Leonardo Boff.

Durante a viagem pelos pampas, foi persistente a percepção de que as fronteiras políticas parecem uma abstração sem sentido, enquanto as divisões fronteiriças que coincidem com uma delimitação geográfica atribuem outro sentido a uma fronteira: como, por exemplo, o Rio Uruguai, que separa o Brasil do Uruguai, e este da Argentina, assim como o Rio Jaguarão, que delimita as fronteiras do extremo sul do Brasil.

“Geografia” é pensado a partir do mapa da região sul do Mercosul, representando as delimitações geográficas e fronteiriças formadas por mares, lagos ou rios. O mapa da região é reproduzido num bloco gelo, e,  a medida em que o gelo derrete, estes limites também se perdem. Geografia se desdobra num vídeo (que é acompanhado pelo trabalho sonoro “Paisagem com ondas” e numa série de fotografias.  

Tratado de Limites:

  • Lugar: Tacuarembó (instalação e fotografia)
  • Geografia (Paisagem com ondas) (fotografias, vídeo e trabalho sonoro)
  • Atlas – Sudamérica Sur (impressão offset sobre papel)
  • Fronteiras (fotografias)

Publicação sobre o projeto Tratado de Limites